quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Adeus



O mundo não para

ele gira

numa velocidade que lhe deixa tonta

zonza


transforma as palavras meigas

e sorridentes

por palavras duras e sem sorrisos

transforma o bom dia que pulsa como um grito

em um bom dia ameno


transforma o sonho em realidade

em uma realidade não pensada

não planejada

o futuro toma corpo

os objetivos,

missão


o dia que por muitas vezes amanheceu ensolarado

hoje acordou cinza

sem sorrisos

sem brincadeiras


a menina teve que virar

mulher

impor
reunir
ditar

estar do outro lado

que nuca imaginou ser seu

lugar frio, metódico,
impessoal


preferiria uma ciranda

uma amarelinha

entre papeis, e-mails, telefones

o dia passa


o não do pai e da mãe

numa infância tão distante

ecoa

na voz pulsante de quem

lhe cobra resultados

lhe cobra metas


A sua infância foi embora
...acho que ela não teve tempo de se despedir.

(escrito por Bruna Lugarinho)

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Quarta feira de cinzas


Os blocos já estão na rua
As marchinhas na boca do povo
As fantasias separadas
Eu vejo nos seus olhos
Caídos, amuados
Você quer se jogar na folia
eu sinto

Não sou mais sua bailarina
A minha fantasia não te agrada mais
Ta fosca, perdeu o brilho

Entre corredores, goles, olhares
Você quer é sentir
O carnaval
A festa da carne
Nos beijos, amassos, trepadas
Pessoas desconhecidas
Ter números pra rir depois

Mas a quarta-feira de cinzas
vai chegar
e  eu não vou estar mais aqui

Posso ter encontrado
um outro pierrô
ou mesmo ter achado
a bailarina que estava perdida
dentro de mim mesma

O Carnaval sempre acaba
a quarta-feira de cinzas
sempre chega
acredite

o sol,
a praia,
a cerveja gelada,
confetes e serpentinas
serão trocadas por
uma camisa social,
um metrô lotado
uma chefe ensandecida

E nos seus finais de domingo
Nos seus momentos de sobriedade
Você vai procurar a sua bailarina
Aquela que você jurou
amor eterno
por todos os carnavais.


(escrito por Bruna Lugarinho)

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Papel e Caneta


Eu abri o livro da minha vida pra você
permiti que a partir daquele momento você não fosse mais coadjuvante
e sim personagem principal
que se tornasse constante
mas algumas palavras borraram no final da folha
pelas lágrimas no meio do caminho
guardei as pétalas dos buques
anotei as mensagens de texto
tudo pra não esquecer nenhum detalhe
sonhava com a nossa casinha
nossos filhos brincando na lagoa
nosso golden retriever correndo enquanto você lia o seu jornal
sonhei com você me acordando todos os dias com beijos
me dando boa noite
me enlaçando e dormindo assim
juntos
até ficarmos velhinhos
mas você riu do meu livro
debochou de cada frase
não me achou boa suficiente
será errei por te amar demais
por deixar você entra na minha história e até mesmo me ajudar a escrevê-la?
deixei que você decidisse o ponto no final dos meus parágrafos
mas você apagou as linhas todas
apagou meus sonhos com você
mas não deu tempo pra destruir os meus planos
eu tenho uma meta
chega
me dá essa caneta agora, que esse livro é meu
quem escreve a partir de agora sou eu
siga a sua vida
os seus desejos
mas não se apodere do que não é seu
muito menos deboche
acabou o conto de fadas
começou a autobiografia
acabou as cores
começou o silêncio
só existe um personagem principal: eu
volta para o teu lugar de coadjuvante
você ainda tem muito o que aprender
começo agora meu novo capítulo
quem sabe algum dia você reapareça em alguma linha
memórias minhas
de um passado sem futuro
de um amor sem planos
de um namoro sem bênçãos
apenas nas lembranças.
(escrito por Bruna Lugarinho)