sábado, 20 de março de 2010

Escudo de pronomes


Um ato de egoísmo que contradiz todas as palavras
Poderia talvez chamar de blasfêmia
É como caminhar em um túnel na contra mão
Entre o certo e o errado sem sinalização


Você diz, eu escuto
Meu corpo treme
Pede reação
Meu grito sai mudo
Minhas percepções ficam engasgadas


Eu temo
Abrir minhas feridas
Sentir o sangue quente pulsar
Em um corpo que já não sabe mais desafiar


Tenho o meu escudo
Tenho as minhas armas
Só não sei usá-las no momento certo
Eu desafio
Eu recuo


A minha face denuncia
O meu olhar intriga
O meu sorriso sempre inerte


Pode me usar
Meu peito está aqui
Use o meu colo quando quiser
Você sabe o caminho
Eu que me perdi
E desisti de me achar
Não posso te julgar


Seu pronome possessivo me fere
Quando não inclui a primeira pessoa
Ou até mesma a terceira, no gênero feminino
Se nada posso ser pra você
Me trate como um pronome
Ou ate mesmo encaixe o adjetivo
Mas não me trate como um substantivo


Não sou um livro, uma musica, uma fotografia
Sou mulher
Em cacos, frágil, amedrontada
Forte, determinado, decidida
Depende quando e como me vê passar
Já dizia Clarisse


Posso ser uma brisa ou uma ventania
Vai depender das palavras que você encaixar
Na sua frase
Na nossa historia


Tire os escudos
Tire a roupa
A sua alma é bela
Não se esconda de mim


Pode entrar, a porta esta aberta

(escrito por Bruna Lugarinho)

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