terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Papel e Caneta


Eu abri o livro da minha vida pra você
permiti que a partir daquele momento você não fosse mais coadjuvante
e sim personagem principal
que se tornasse constante
mas algumas palavras borraram no final da folha
pelas lágrimas no meio do caminho
guardei as pétalas dos buques
anotei as mensagens de texto
tudo pra não esquecer nenhum detalhe
sonhava com a nossa casinha
nossos filhos brincando na lagoa
nosso golden retriever correndo enquanto você lia o seu jornal
sonhei com você me acordando todos os dias com beijos
me dando boa noite
me enlaçando e dormindo assim
juntos
até ficarmos velhinhos
mas você riu do meu livro
debochou de cada frase
não me achou boa suficiente
será errei por te amar demais
por deixar você entra na minha história e até mesmo me ajudar a escrevê-la?
deixei que você decidisse o ponto no final dos meus parágrafos
mas você apagou as linhas todas
apagou meus sonhos com você
mas não deu tempo pra destruir os meus planos
eu tenho uma meta
chega
me dá essa caneta agora, que esse livro é meu
quem escreve a partir de agora sou eu
siga a sua vida
os seus desejos
mas não se apodere do que não é seu
muito menos deboche
acabou o conto de fadas
começou a autobiografia
acabou as cores
começou o silêncio
só existe um personagem principal: eu
volta para o teu lugar de coadjuvante
você ainda tem muito o que aprender
começo agora meu novo capítulo
quem sabe algum dia você reapareça em alguma linha
memórias minhas
de um passado sem futuro
de um amor sem planos
de um namoro sem bênçãos
apenas nas lembranças.
(escrito por Bruna Lugarinho)

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