quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Pode entrar



Eu cheguei para ficar
Entrei sem medo da entrega
Sem duvidar dos sorrisos
Se eram ou não sinceros



Eu não bati à porta
Entrei com as minhas malas
Empilhando os sapatos
Espalhando minhas roupas



Não me dei tempo de pensar
Falei, falei, falei até me cansar
Curei minha voz em ouvidos atentos
Deitei no colo invisível da paz



Penso no desalento de outrora
No frio intenso percorrendo a alma
Garrafas e cinzas de todos os tipos
Cacos de sangue cortando o vidro



Em mosaicos embaçados me vi refletida
Um olho negro e o outro vermelho
Arrepio de ponta à cabeça
Havia um segredo



A história de amor num passado presente
Um triângulo aberto no peito de quem sente
Uma vida desde sempre
O reconhecimento de que o agora está diferente



Hoje eu gosto muito mais das flores
Assim como das manhãs
Cultivo um jardim colorido
E guardo as pétalas secas num livro escrito à mão



Coração aberto além dos anos
Em nome da gentileza e da lealdade
Com a idade dos anjos
Deixo-me entrar então



Laço forte e bem dado
Pela verdade irônica dos fatos
Um destino traçado
Três corpos fadados



...em uma única freqüência.






(escrito por Michelly Barros)

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